Catequese delivery!

Catequização na TV aberta. Sobram adjetivos e exageros em um sensacionalismo assustador. Falta imparcialidade. De repente, o maior país católico do mundo virou o único país totalmente católico do mundo. Não entendi aonde as emissoras – especialmente Globo, Band, Rede TV e Gazeta – enfiaram os mais de 35 milhões de brasileiros evangélicos, espíritas, ateus, budistas, judeus,… 

Viramos uma nação de fiéis a Bento XVI. Telespectadores sem direito a contestação. Bombardeados com doutrinas, dogmas, pregações, sermões e condenações, nos acostumamos ao longo desses quatro (eternos!) dias, com programações interrompidas. Tudo sem pedir licença, da forma mais autoritária possível.

Telejornais se esqueceram que, há poucos metros do Mosteiro de São Bento (e também do Pacaembu, do Campo de Marte, de Aparecida e do trajeto do papa-móvel), pessoas continuam morrendo, drogas continuam sendo vendidas. Esqueceram dos políticos, que aprovam aumento de salários, da celebridade que proibiu a circulação de sua biografia não autorizada etc. Esqueceram que existe um Brasil que é muito maior do que a presença do pontífice em São Paulo, e o mais grave de tudo: esqueceram que o Brasil é uma nação LAICA por direito.

Alguém precisa responder por todo esse absurdo. Enquanto concessões e formadoras de opinião pública, as tvs tem um dever e responsabilidade social não só com os católicos, mas também com cada uma das “seitas religiosas”, com cada um dos divorciados, homossexuais e outros grupos que foram e estão sendo atacados, durante todo o dia, repito, sem direito algum de resposta. Voltamos ao Brasil colônia. Índio quer igualdade.