Bastidores

PUTA: Sexo
POLÍTICO (MARCELO): Poder
SOCIALITE (MARIA): Dinheiro
PUTA: Sou a rameira, a puta, a da vida, a quenga…
POLÍTICO (MARCELO): Sei quem sou e sou o cara, cheguei onde sempre quis: no poder! Abaixo de mim muitos, acima de mim, poucos… muito poucos.
SOCIALITE (MARIA): Eu tenho o que eu quero. Vi, gostei, comprei. Quem pode mais? A bonita de corpo que se vende? O que tem poder e manda? Ou eu que tenho dinheiro e compro exatamente o que quero: sexo, poder.

FREDERICO: Eu e o sexo, o poder e o dinheiro. Sou um jovem, filho dela (aponta) para a socialite

SOCIALITE (MARIA): Frederico, quero que você vá agora e seja suficiente claro com o Marcelo. Não o apoiei a troco de nada!
FREDERICO: Não quero me envolver nessa história, mãe!
SOCIALITE (MARIA): Você é parte dessa história. Se eu não tivesse deitado com o traste…
FREDERICO: Precisa sempre falar isso?
SOCIALITE (MARIA): Preciso que você fale com seu pai. Minha loja está sendo investigada pela Polícia Federal. Soube que podem até me prender…
FREDERICO: E o que o papai pode fazer quanto a isso?
SOCIALITE (MARIA): Um deputado federal pode muitas coisas… ainda mais na posição que ele ocupa.
FREDERICO: E você acha que ele te ajudará, mamãe?
SOCIALITE (MARIA): Nem que seja a última coisa que faça…
FREDERICO: Se pelo menos fosse delegado….
SOCIALITE (MARIA): Tampouco importaria. Delegados são subordinados a outros. Seu pai está entre os grandes. E é com eles que irá falar, pressionar. Querem meu sangue, mas não terão. Avise seu pai que eu exijo uma audiência com o ministro e o juiz estadual. Pode ser um jantar ou um almoço, não me importo com horários e lugares. Mas tenho pressa. Agora ande…

FREDERICO sai. PUTA entra. Aponta pra ele e começa a falar

PUTA: Eu conheci ele outro dia mesmo. Era virgem, na primeira tudo muito rápido. Melhor para mim que recebi e ainda ganhei uma gorjeta gorda. Ele veio com um papo de paixão, e eu deixei levar. Faria tudo por aquela gorjeta. Até corresponder a uma paixão, que DEFINITIVAMENTE só existe na cabeça dele. Regra número um de nós putas: dificilmente nos apaixonamos em serviço. Dificilmente quer dizer Nunca. Nunquinha mesmo. Isso é coisa de filme, novela. Não sou uma linda mulher! Sou uma mulher eficiente…
SOCIALITE (MARIA): Eficiente… a puta que eu peguei na cama com meu marido. Foi uma cena trágica!
PUTA: E ela mal sabe que agora quem me sustenta é o filho. Morreria se soubesse.

(Frederico em pé falando com Marcelo que sentado atrás de uma mesa preenchendo papéis)

POLÍTICO (MARCELO): A sua mãe quer o quê?
FREDERICO: Um jantar com você, um ministro do superior e o juiz.
POLÍTICO (MARCELO): Não quer mais nada, não é? Quem a Maria acha que é? A Antonieta reencarnada?
FREDERICO: Recado dado, vou nessa. O que digo a ela?
POLÍTICO (MARCELO): Já vai? Você mal vem me visitar…
FREDERICO: Tenho um encontro agendado…
POLÍTICO (MARCELO): Isso está me cheirando a namoradinha nova no pedaço. Quem é? Quando vai me apresentá-la?

(a luz oscila entre uma cama no centro e duas pessoas em cantos opostos do palco ao telefone)

TELEFONE PAI- Frederico veio aqui agora…
PUTA – Vai, Fred, vai Fred…
TELEFONE MÃE: Se deu conta da importância do recado?
PUTA – Mais fundo Fred, mais fundo Fred… você é demais…
TELEFONE PAI: Sim, tentarei agendar ainda essa semana.
PUTA – Uau Fred, demaissss…..
TELEFONE MÃE: Tentarei não. Quero eficiência…
PUTA – Você é uma máquina, Fred.
TELEFONE PAI – As coisas não são tão simples assim.
PUTA – Isso, isso, vai, oh yessss…
TELEFONE MÃE – Ok, quanto custa? Coloque o preço.
FRED – Vou gozar, vou gozar….
TELEFONE PAI – Entendi a sua urgência.
PUTA – Foram duas horas. São trezentos reais, Fred.

(…)

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