Quase lá

Já passam das nove horas da manhã e, sem querer bancar o Jack Bauer, tenho exatas vinte e quatro horas para colocar no eixo alguns pontos importantes da minha vida para enfim deixar os vinte e quatro anos com a certeza de missão cumprida. 

O tempo passa cada vez mais rápido. As obrigações se tornam mais urgentes, as cobranças mais emergenciais e não adianta apenas empurrar com a barriga confiando que o amanhã será melhor. Os cabelos brancos começam a não ser novidade, embora eu ainda consiga retirá-los um a um com a pinça; as rugas começam a desenhar um fino e quase imperceptível traçado no meu rosto, mas eu me conheço muito bem e sei exatamente onde daqui a poucos anos elas tomarão suas formas; o que antes bastava para me sustentar e levar uma vida numa boa, hoje é um trocado que não satisfaz os meros e caprichosos necejos de um consumista qualquer.

Resumo da ópera: envelheço, a contragosto. E sempre com a sensação que os dias duram menos, que os meses passam rápidos e a galope, que o ano é um tempo curto demais para essa balela de planejamento a longo prazo. O dia é hoje, amanhã será hoje, depois de amanhã também.

Cada dia mais coisas para aprender, mais pessoas para conhecer, mais lugares para ir, mais histórias para contar, mais sentimento para demonstrar, mais trabalhos a desenvolver, mais nomes para lembrar, mais satisfação para dar … Mais, mais, mais… mais dias, meses, anos. O tempo não pára e não há administração ou agenda que dê conta disso. 24 horas de 24 anos, o tempo não é nada. Essa história de vinte e poucos anos, a partir de amanhã, é coisa do passado.

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