Estava pensando enquanto vinha para o trabalho no quão difícil devia ser para ele olhar no espelho e ver na sua frente nada mais nada menos do que O MICHAEL JACKSON, o cara que mais vendeu discos, o rei do pop, o acusado de pedofilia, o endividado e blá blá blá.
A deterioração da sua imagem, na minha opinião, é fruto de uma desestrutura pessoal: o cantor foi vítima de uma indústria fonográfica maquiavélica, de uma família gananciosa e da total perda do individualismo – que só o anonimato é capaz de garantir. As suas esquisitices e peculiaridades vinham à tona no mínimo deslize e viravam pautas inquisidoras nos quatro cantos do mundo, em todos os tipos de mídia disponíveis.
De repente,ele se viu maior do que realmente era. Um verdadeiro astro, mas sem a menor credibilidade: Se falava que tinha vitiligo, ninguém acreditava. Se dizia ser inocente das acusações de pedofilia, todo mundo duvidava. Era ridicularizado pelo consumismo desenfreado, megalomania e pela busca de referências que ele jamais teve. O menininho de cinco anos que era explorado pela família cresceu e, na busca por uma história diferente para seus filhos, casou-se duas vezes e improvisou disfarces para tentar poupá-los da mesma indústria que o destruiu. Burcas, máscaras, esconderijos.
Michael Jackson, o mito, o astro pop de Thriller. Michael Jackson, a pessoa, pai, filho, exótico, único, com erros e acertos como qualquer um de nós. A contrução de um, o fracasso de outro. Quem levou a melhor? Só ele e as pessoas que eram próximas podem dizer. Mas por tudo o que sempre ouvimos e vimos ao seu respeito, por todas as notícias que consumimos durantes todos esses anos…