Desconstruir histórias

Jéssica adorava pontos finais.
Tecia histórias inteiras – às vezes longas, outras curtas demais – pelo simples prazer de encerrá-las.  Ouviu uma conversa de início, meio e fim, certa de que sua parte favorita estava sempre lá, na última linha, esperando por ela.
Assim, obstinada, ela se atirava sem medo em novas propostas e aturava feliz todos as coisas que aconteciam pelo simples prazer de um dia apertar com força a ponta do lápis em uma minúscula, mas objetiva bolinha escura, tipo essa .
Doa a quem doer, não era mesmo da sua conta. Viveu certa de que controlava o tempo de suas orações, a perenidade de suas relações. Estava convicta de que só dependia dela decidir… e acabar! Só ignorou um último ponto, aquele que, um dia, finalizou a sua própria existência. Jéssica ponto, final.

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