No meio do caminho de Carlos Drummond de Andrade havia uma pedra e foi justamente ela que permitiu que ele escrevesse, talvez, o melhor de seus poemas.
Pedras, as vezes uma rocha outras tantas já fragmentadas em minúsculos grãos de areia. Aquela que vira item de poesia, a mesma que o namorado apaixonado lança na janela da amada no meio da madrugada. Ou as que são atiradas uns contra os outros em protestos e sentenciando a morte do diálogo.
A pedra que constrói o alicerce de nossas vidas, a que sustenta nosso peso, é a mesma que sob a pontaria precisa de um garoto e seu estilingue, acerta em cheio o pássaro que voava livremente. É o fim da liberdade! Pedras que custam muito, preciosas, ou que aparentemente não valem nada… Não são as mesmas que, como parte de uma mistura, tornam-se muros, paredes e tetos oferecendo uma proteção que julgamos ser cada vez mais necessária? Nós do lado de dentro, eles lá fora.
Pedras, parte de uma rocha sólida, firme e dura, ou parte de um processo natural da vida, já fragmentadas, cada vez mais finas, pequenas e quebradiças. Não há rocha, por mais imponente que seja, que não se granule um dia.
Encontramos pedras no caminho. Muitas delas se colocam como verdadeiros obstáculos a nossa caminhada. Mas veja bem: desviar um pouquinho ou se esforçar para movê-las de lugar é parte da jornada, o recomeço e não o fim de um sonho.
Perceber-se sedimentado em certos conceitos, em opiniões fechadas, é não viver a plenitude de um processo natural de fragmentação ao qual todos estamos suscetíveis ao longo da vida. Amadurecer é aprender com a experiência, nos atritos que temos uns com os outros, com aquilo que nos desgasta até finalmente entendermos que podemos estabelecer fortalezas.
Movendo nossas intransigências e enxergando outros “caminhos” iremos adiante. Pedras podem ser quebradas, paredes construídas… Desviamos de certas rochas e somos constantemente estimulados a construir túneis entre esses diferentes mundos, vasto mundo. É só uma questão de querer.
muito bom querido!!! ando tentando remover alguns pedras pesadas do meu caminho… melhor dizendo, transformar em pó!
bjs