Tudo passou rápido demais e um monte de coisa bacana que vivi parece ter acontecido ontem. Lembro, por exemplo, do dia em que enfiei o pé no raio da bicicleta e ganhei um Lego (e alguns pontos no pé) por ter sido um “garoto forte”. Teve também muitas partidas de vôlei com meus primos no portão da casa da minha avó e aquela vez em que quase cozinhei dentro da banheira todo empolado de catapora. Lembranças aleatórias das tantas que tenho.
É só fechar os olhos e, de repente, estou de volta ao apartamento do meu tio diante da cara perplexa de todo mundo em frente a uma televisão. Alguns amigos comentaram, no outro dia antes do recreio, o quanto um segundo era crucial na Fórmula 1. Todo mundo tem uma lembrança dessa época. E lá se vão quase vinte anos…
Do nada, aos 28, volto a ter 5, 10, 20 e quantos minha memória for capaz de resgatar. O dia em que tomei um porre daqueles e achei que tivesse perdido a chave do meu apartamento, o choro no final da minha formatura (de novo bêbado) ou o dia em que desisti do teclado, do saxofone, do violão, do microfone… da música (totalmente consciente). Tentativas! Queria, mas percebi que não era a minha como tantas outras vezes. Aprendizados! Mais um na multidão – o Diário de Doug Spencer; Ddelivery; Onbuddiesman; A Garota que eu Perdi; Roberta e Tiago… E por aí vai. O que eu senti quando fiz e com cada elogio que recebi. Conquistas!
Levo um susto sempre que penso que estou perto dos trinta, porque talvez ainda pense com a cabeça de quem um dia achou que essa idade estava longe. É a mesma lógica que hoje vê os cinquenta-sessenta como a idade dos meus pais, a mesmíssima cegueira que vê os outros envelhecendo, sem dar conta das marcas que já estão no próprio rosto.
Um dia, o agora onde estou já pareceu distante e eu quase posso me lembrar deste tempo. Ontem, talvez, mas pode ser também o hoje visto amanhã. Não importa se foi há 1, 4 ou 28 anos. Tampouco nos próximos. É o que me tornei e também o que serei. Um segundo não é crucial apenas na Fórmula 1 como um dia eu ouvi. Foi ontem, agora há pouco, que eu cheguei aqui cheio de histórias para contar. Consigo me lembrar direitinho.