É engraçado como conseguimos (ou a maioria de nós) ser todos farinhas do mesmo saco e também tão diferentes e únicos. Sempre surge uma teoria que nos coloca dentro do mesmo balde (rótulos perfeitos e satisfatórios, mas sempre muito frágeis) que suprem nosso desejo de autoconhecimento. Alô, Susan Miller!
Outro dia fui apresentado (de forma muito rápida e superficial, diga-se de passagem) ao trabalho de Daniel Kahneman, um teórico israelense que, acreditem se quiser, trata de questões comportamentais em finanças.
Daniel, um desses caras com olhar aguçado e muita percepção, ganhou o Nobel em 2002 com a teoria do prospecto, que – como eu entendi – diz, entre outras coisas, que a maioria de nós sofre muito mais como uma perda do que se sentiria feliz ganhando algo de mesma intensidade. Tem até um gráfico, aquele ali.
Perder e ganhar é a mais básica das relações em qualquer jogo, inevitável em qualquer partida que se entre. Entretanto, para a maioria de nós, o que parece contar mesmo são as derrotas. Ninguém gosta de perder, obviamente, mas aí que mora o perigo: sob a sina de uma rotina de lamentações, a maioria de nós simplesmente não encara e aproveita o tanto de outras coisas boas que a vida oferece.
Não é sobre ligar o foda-se e ser feliz a qualquer custo. Isso é irresponsável e infantil. É preciso sentir os dois lados da moeda sem frescuras ou exageros. Perder ensina sim e, talvez, a maior dessas lições seja entender que isso, de verdade, faz parte. Acontece, fazer o quê?!? Sofrer, chorar e reclamar? Ou simplesmente encarar que independente do prejuízo (sentimental, físico, econômico, …) o melhor ainda está por vir, isso – é claro – se já não estiver bem na nossa frente sacudindo os braços e implorando atenção.
Faço muitas coisas sem um pingo de preocupação em ser colocado no pacote da maioria que pensa e faz assim, que age e faz assado, desde que isso, é claro, me traga algum aprendizado e mudança. Que ganhar se torne então mais proveitoso do que tudo o que eu venha a perder. Obrigado, Daniel Kahneman!