- As minhas intenções de reativar o blog e como já culpei o Facebook e o Twitter pelo descaso e baixa frequência em relação a ferramenta;
- O texto que eu li que falava da importância de salvar o conteúdo que se publica em redes sociais e como isso foi importante para uma reflexão;
- Um outro texto sobre timelines desinteressantes e o “desfazer amizade”, que me fez avaliar a minha própria presença no Facebook;
- O texto que li da Eliane Brum sobre a perpetuidade de nossas ideias, queiramos ou não, no online e como isso despertou ainda mais o desejo de guardar algumas coisas.
- A volta do OnBuddiesMan como uma alternativa, numa costura que pretendo fazer aqui sobre o que ando postando por aí. Vamos lá…
O gancho de abertura deste texto é um trecho da música “Sempre Te Quis” do Paralamas do Sucesso, que diz (sob outro contexto, mas que cabe como luva):
E fui andando, voltei ao zero
Um recomeço é uma forma de se encontrar
Por ser tranquilo, por ser sincero
Não me preocupa
O que não for é o que vai passar
O recomeço desta história e, principalmente, a ideia do “como” se formou em minha mente na tarde de ontem, mas a partir de fragmentos de várias coisas que aconteceram nas últimas semanas.
Muitas vezes usei deste mesmo espaço para justificar minha ausência, pedir desculpas e retomar as publicações com a maior cara de pau do mundo. Tudo em vão! Na minha cabeça tinha fortalecido uma teoria de que, no centro do meu desânimo, estava a atenção que eu passei a dar ao feed de notícias do Twitter e a linha do tempo no Facebook.
De repente, o que fomentava uma reflexão e texto aqui no blog passou a ser diluído em posts (muitas vezes de 140 caracteres) ao longo do dia. Pela facilidade do “Compartilhar”, “Curtir” e “Comentar”, eu fragmentei a minha produção e passei postar, sem qualquer tipo de censura, sobre vários assuntos. Escrevi muita bobeira, troquei pontos de vista e incitei algumas discussões. Tudo certo, como devia ser.
Na contramão dessa postura, dia desses, eu me deparei com o texto “Pare de escrever coisas significativas no Facebook” (Alberto Brandão, Papo de homem — 24/07/2013), tratando exatamente da intermitência de serviços como o Facebook e o risco de nossas ideias serem perdidas, esquecidas:
Não existe nada errado em escrever coisas, traduzir artigos e compartilhá-los no Facebook. É realmente algo legal. O problema aparece quando a única fonte desse conteúdo se torna o Facebook. (…) Facebook é uma rede social, uma aplicação web que conecta seus amigos ao redor do mundo e compartilha coisas com eles. Só devemos lembrar que igual ao Facebook, existiram muitos outros serviços parecidos. (…) Todo aquele conteúdo que você criou, todas aquelas dicas importantes que você postou, tudo: essas coisas não serão mais vistas.
Tive que também concordar e refletir sobre alguns pontos levantados por Casey Neistat, em seu texto “Yes I unfriended you. Don’t take it personally” publicado no Medium alguns dias atrás:
Facebook is boring, it used to be great now it’s boring. I used to have 200 friends now I have 1500. There is no way I know 1500 people. (…) Despite Facebook’s very best algorithms my feed is mostly posts I don’t want to see. (…) Facebook is different for everyone, some value sharing things I find unsavory (this is an assumption, why else would so many people share so much garbage).
Passei então a ser consumido por questões como o quão relevante eram os posts que aparecem em minha timeline? Se aquilo que eu julgava interessante e importante, despertava a mesma impressão em meus amigos da rede social? Ou se eu estaria contribuindo para o “lixo” que é compartilhado diariamente?
Pensei no quanto de atenção e dedicação eu dava às redes sociais; observei o quanto isso tirava o meu foco de outras coisas; entendi que tudo que eu já havia postado no Facebook e Twitter até então estava preso em um passado que dificilmente revisitaria (como foi no Orkut); analisei um a um o vínculo que eu tinha com os quase 1300 amigos ali de dentro. E, não muito satisfeito, resolvi agir pela minha sobrevivência online. A decisão, anunciada aos meus amigos no dia 26/05, foi:
Sanitização de amizades, filtro de ideias, foco em relações. Corroborando com tudo, no mesmo dia em que tomei a decisão, li um texto muito interessante de Eliane Brum — “É possível morrer depois da internet?” — publicado na coluna que mantém no portal do El País.
Como na internet tudo é rápido, instantâneo, imediato e, principalmente, “fácil”, há tanto a ilusão de controle como a tentação de controle. Nem me refiro ao embate político na construção da narrativa dos fatos pelos grupos interessados — na construção da história que, de certa forma, só pode existir como interpretação. Concentro-me na narrativa do indivíduo, de cada um de nós, sobre sua própria vida. O que se “esquece”, com muita frequência, é da permanência que a internet ampliou como nunca antes, ao mesmo tempo que se “esquece” da impermanência de nosso ser e estar no mundo. Esquece-se da constante descoberta de que, talvez daqui a alguns anos, podemos não querer mais ser aqueles que fomos — ou do nosso desejo de sermos outros na nossa constante recriação dos sentidos ao longo de uma existência. Temos tomado o instante como um tempo absoluto, sem perceber talvez que o corpo fluido da internet permite algo mais duradouro do que uma gravação em pedra: uma na nuvem.
(…)
É fascinante que nós, aqueles que lutam cotidianamente nos espaços da internet para “existir”, para “ser lembrados” e constantemente reassegurados de seu valor no mundo — “curtidos”, “retuitados”, “seguidos”, “compartilhados” –, numa eternidade que se absolutiza no instante, comecemos a desejar o esquecimento. De certo modo, é preciso ser “esquecido” para poder ser “lembrado” de outras maneiras. É preciso talvez esquecer-se de si por um momento para poder se inventar de um outro jeito, movimento constante e inerente a uma vida que se pretende viva.
Foi então que com muito apego a tudo o que posto (inclusive no Facebook e Twitter), pela importância que quero tratar cada um dos posts que fizer por lá e com a consciência de que nem eu nem minhas páginas duraremos para sempre, que resolvi levar para a nuvem junto comigo aqueles tópicos que compartilho.
Trata-se de um desejo super honesto de que algumas de minhas ideias ocupem um lugar de fácil acesso. Por apreço, apego, orgulho e até crescimento pessoal!
Para viabilizar isso penso em costurar aqui no blog os diversos assuntos que publico, discuto e compartilho nas outras redes sociais. Uma ideia de cross media não tão nova assim e que no dia 17 de julho de 2009 tomou forma sobre a alcunha de OnBuddiesman com a pretensão de ser…
Um blog que se alimenta do conteúdo gerado por outras mídias sociais. Cada um com seu ponto de vista, a gente com o nosso contra-ponto, que nos permite endossar, questionar, pontuar e analisar o que anda circulando por aí. Somos a réplica, sempre abertos a tréplica. Um exercício ao debate, à pluralidade.
É exatamente isso e é dessa forma, aproveitando algo que escrevi há quase cinco anos, que eu consigo respirar novamente e vislumbrar um futuro para este espaço. Penso que este texto, este novo recomeço, é por si só, uma boa resposta para todas as questões com as quais lidei nos últimos dias. E eu fui andando, voltei ao zero… Um recomeço é uma forma de me encontrar!