A eclosão do Apocalipse

Homens, suas bestas, olhem só o que vocês estão fazendo… Com os outros… Com vocês mesmos… Com o mundo.
A Internet, essa aldeia global. Terra de todo mundo, lugar de ninguém. Espaços preenchidos por vaidade transcritos em códigos baseados em números, o zero e o um, o 666 pós-moderno.  Lúcifer é fichinha para muitos seres humanos na deep web; e não só lá: a internet de modo geral é povoada pelo mal amplificado em diferentes vozes dentro dos comentários. “Eu te odeio, te detesto”, “eu bateria, estupraria, esmurraria, daria uma corça, mataria”, “sua vaca, puta, piranha, vagabunda”, “morra”.noticia_217062_img1_segurana

Na eclosão do Apocalipse, comemoramos moedas virtuais universais, microchips que nos acompanham por toda a parte, máquinas que controlam o que podemos ou não fazer, comer e ser, GPS que monitoram passos, direcionam caminhos, câmeras, muitas câmeras… Líderes que se curvam ao online, governos que caem, reinados que se prostram ao desejo da rede. A força da conectividade destruindo relações construídas com muito sangue, suor e superação.

O mundo atual arde em chamas e crentes temerosos continuam sem entender que o inferno não virá amanhã… Ele é consequência imediata do que fazemos hoje, aqui mesmo no lugar onde estamos! Num piscar de olhos não notamos que não fomos arrebatados, que ficamos, que padecemos seduzidos pelas delícias tecnológicas desse mundo novo. Como vítimas e algozes uns dos outros, nosso pior lado saiu das trevas para ecoar à luz de uma tela. Não acreditamos no que lemos; nos orgulhamos do que escrevemos, das confusões que criamos, das discussões em que nos metemos… Banalizamos o mal e, curiosamente, adoramos isso.

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