Adiantar é estar lá no futuro em pleno presente; querer sair na frente ou poupar-se (de algo, de alguém, de você mesmo); dar mais agora, para aliviar daqui a pouco. Vai que não dá certo… Vai que não tenha tempo depois… A gente avança, movimenta e paga com antecipação por hipóteses tentando blindar as surpresas da vida, aquelas viradas no rumo dos fatos que pegam todo mundo de jeito.
Adiar é viver retardando o que o presente impõe. É procrastinar, com ou sem culpa, pelo prazer (ou não-cobrança) que o “deixar para depois” promove. O tempo meio que para e a gente se sente, de fato, dono do próprio nariz, umbigo e coração, até, claro, a urgência chamar. Como se não fosse necessário em algum momento recorrer a uma energia extra para tirar do papel ideias, planos, para fazer acontecer.
Empurrar para trás ou para frente não fará de nossa vida mais elástica, encurtando ou estendendo o tempo do que realmente importa: a estadia de cada um nesse planeta. Não resolverá problemas nem prolongará a felicidade; não afastará a dor nem nos poupará do que quer que seja. Tentar estar à frente ou ter preguiça de seguir em frente tira o foco do que temos de mais importante, as escolhas diárias, tão presentes e determinantes para o futuro quanto para a criação da lembrança que se terá do passado.
Pode ser até mais prazeroso não precisar lembrar de como ‘correu como um louco’ ou de como está ‘vendo a vida passar’. Adiantar e adiar são verbos excelentes para quem sabe controlar e viver o AGORA.