Amor Sem Título

Os dedos se entrelaçam  e você segura o sorriso que quer abrir no canto dos lábios. Não pode dar tanto na cara, embora desconfie que ele já percebeu o suor excessivo de suas mãos, na respiração sem ritmo que faz com que suas palavras saiam atropeladas, impensadas, e que fazem você se arrepender no segundo seguinte pelo que disse. Por que estou falando isso? Ele vai me achar uma idiota!

É isto mesmo?! Ela deixou que eu segurasse em sua mão, cara! Será que já posso tentar um beijo ou ela vai me achar muito abusado? Espera, ela está falando comigo… Preciso me concentrar no que está dizendo, mas não consigo deixar de pensar que o quê eu queria mesmo é beijá-la. Só para começar.

Por que ele está olhando tanto para o meu rosto? Será que meu batom está borrado? Ou será que… Ai, tomara! Espero por esse beijo desde que o vi entrar na sala. Aluno novo, só um ano mais velho, mas totalmente diferente dos meninos lá da escola. Estou decidida a eu mesma tomar a iniciativa, mas sinto um friozinho na barriga, um medo ao qual definitivamente não estou acostumada a sentir. Já beijei antes, não me olhem com essa cara! Vocês estão me julgando? É que talvez vocês não saibam do que estou falando e, principalmente, o que estou sentindo. Nossa, minhas pernas estão tremendo????

Será que vou saber beijar bem? Não ligo para o que vocês estão pensando, sei que já devia, mas simplesmente não aconteceu. Garotos também podem ser românticos, e eu sabia que uma hora ou outra a vida encarregaria de me dizer que era pra ser. Foi quando eu a vi pela primeira vez. Tentei até me concentrar no que acontecia, mas meu, foi muito foda. Definitivamente isso deve ser “gostar de alguém”. Acho que vou, acho que posso, será que ela vai deixar…?

Era para ser um intervalo qualquer, mas ele a convidou para dar uma volta. Segurou sua mão e conduziu pelos corredores; desceram as escadas, passaram pelo pátio ignorando os olhares curiosos que vinham de todas as partes até que finalmente estivessem a sós, lá perto das árvores. As mãos suadas, o coração na boca, a respiração ofegante.  Pelo exercício que fizeram ou por pura emoção? Que excitação deliciosamente juvenil estavam sentindo… Tomara que saibam aproveitar cada instante daquele momento, que irão levar para toda a vida.  Tentam um ou outro assunto mais uma vez, mas as ideias abstratas, vagas, não se conectavam. Não era sobre aquelas bobeiras que deveriam estar falando. Estavam entrelaçados pela alma, perdidos em pensamentos e intenções, mas juntos decidiram que tinha chegado a hora… Os corpos se aproximaram ainda mais colando-se ao ponto de sentirem o calor um do outro. Não se desgrudaram nunca mais.

 

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