Vamos definir calamidade e não apenas aquela que impossibilita o Estado de pagar as contas, de seguir em frente, de honrar o combinado. Sejamos mais pontuais na abordagem de uma calamidade que mata. A falta de um saneamento decente que faz os mosquitos proliferarem carregando consigo toda sorte de doença. Epidemias que se sucedem e são sentidas em hospitais caindo aos pedaços, em filas extensas de atendimento, na falta de remédios, equipamentos cirúrgicos, médicos, vagas em leitos.
Vamos ficar horrorizados com a calamidade que ameaça. Quando não estão sendo truculentos e matando a torto e direito, uma polícia que não dá conta de escoltar um traficante diante de um resgate anunciado. O tráfico de drogas que segue acobertado pela segurança pública, acovardada ou devidamente paga para fingir que não sabe de nada. Os casos de estupro, de assassinato, as vinganças, represálias, sirenes ligadas rumo à mais uma operação especial, que não dá em nada. Conta-gotas em um mar de imundice! A calamidade de sair de casa e não ter a certeza de que voltará, do salve-se quem puder.
A calamidade que emburrece por mais uma escola fechada, da falta de merenda nos recreios, do número incipiente de vagas oferecidas, do péssimo ensino ministrado, da má formação de professores para lidar com alunos cada vez mais arredios e violentos, desinteressados com a conexão que existe entre aquele momento que vivem e o que serão num futuro próximo.
A calamidade de mostrar-se como é, de encarar de frente o seu obscuro lado real. Não tem mais maquiagem que dê conta de disfarçar os defeitos, de atenuar os sucessivos traumas sofridos e que estão escancarados para quem quiser ver. Que é uma mentira travestida de cidade maravilhosa… de um país de todos!
A calamidade de uma sociedade doente, perdida em si mesma com toda a sua limitação e egoísmo. O dar certo a qualquer custo, trucidando quem passar pela frente. O custo de não pensar no outro, em ignorar as provas de que estamos no caminho errado, de que a sujeirada do entorno já apodrece a nossa própria carne. Dói em mim e em você, reverbera em todos nós.
Douglas, ótimo texto! Essa é a única calamidade que nós cariocas vivemos, o resto é pura fachada do Sr. Dornelles e Pezão e dos antigos Sérgio Cabral, Eduardo Paes e César Maia, são anos e anos de má administração que reflete hoje da pior forma no nosso cotidiano.
Obrigado, Tchubi. Por aqui não estamos tão distantes de vocês aí no Rio. A porteira está aberta para que todos exponham o quanto a situação está crítica e degradante. E, infelizmente, quem mais sente essa dor, são aqueles que dependem diariamente dos governos. Seguimos sobrevivendo…
Ótimo texto! A “calamidade” só se torna calamidade quando o financeiro não abastece mais os bolsos dos políticos ladrões.
Ou quando não abastece com fartura. 🙂