Formas de Morrer

Tem quem se considere eterno e negligencie talvez a única certeza que tenhamos ao longo de toda a vida. Ei, você e eu vamos morrer e isso é só uma questão de tempo. Plantas, animais e quem tanto amamos também. Você está preparado para isso?

O grande x da questão é o que você faz entre o instante em que abre os olhos e aquele em que os fechará para sempre. Que conta difícil de estabelecer… Que equação complicada de balancear! Essa consciência, aterrorizante para a maioria, desperta – além do terror propriamente dito – diferentes reações que vão da corda bamba à precaução excessiva, do vício à clausura, do abrir-se ao fechar-se.

O medo atrofia, mas também faz cometer, mesmo que sem dar conta, grandes loucuras. Desafiamos continuamente os limites da vida para continuarmos vivos; Para sentirmos donos de uma decisão que está diretamente relacionada a forma como conduzimos o processo, mas que não depende, excetuando suicidas, de nossas próprias mãos. Destruímos a estrada e o carro continua lá, desgovernado ladeira abaixo.

Tudo nasce, tudo morre, e isso traz movimento. Pesquisas tentam dar mais fôlego à maquina e vamos torcendo para que tudo corra dentro dos limites esperados. Que seja um fim calmo, em paz. Que demore a chegar. Corremos de doenças como o diabo da cruz e nos recusamos até a falar em algumas delas. É mesmo complicado encarar que as coisas podem não sair como o esperado e que o tempo, já tão escasso, possa ser encurtado.

Para produtos, empresas, negócios, existem estratégias de decadência. À preparação para o fim do jogo, da linha, da batalha. Não é por ser inevitável que a perda tem de ser absoluta! Falhamos muitas vezes, mas tentamos tirar proveito do que sobra. Esforçamos para traçar metas factíveis para viver em plenitude, mas nem sempre sai como esperado. O amor, por exemplo, não provocaria dor, mas sim alento. As amizades constituem um alicerce, não uma disputa. O viver em sociedade, uma completude, não deveria ser exatamente aquilo capaz de nos destruir.

Quando se escolhe viver, você define também uma forma para morrer. É por isso que para muita gente que sabe que o fim está próximo, para aqueles que foram desenganados pela ciência médica por exemplo, cada segundo se torna tão mágico e especial, único a ser vivido. Sair de cena leve, em paz e com a missão cumprida, é uma dádiva que precisa ser encarada de frente; não como alvo, e sim com o adorno de quem fechará algum dia a sua jornada como em grandes filmes do passado. Bem lentamente e em letras cursivas,

FIM

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