A gente dá as mãos e resolve seguir juntos; acertam-se os passos e o ritmo (direta-esquerda-direita-esquerda, vem comigo!), sem puxões, solavancos ou paradas abruptas. O destino é comum, as vozes saem num único som e ecoam melodicamente: concordar é agir em conjunto, nem que seja com você mesmo. Razão e emoção dispostos a apaziguar os ânimos ou perder as estribeiras, instinto dizendo para ir, pular, comer, respirar, correr ou que o melhor é parar por ali, agora, desse jeito. Ok, está certo, é isso aí.
Não ter de discutir, não precisar convencer, exigir, mandar ou determinar que seja do seu jeito; não obedecer porque fazer o quê, né? Sou obrigado… Um puxando o outro, pois assim querem. Concorda comigo que é mais fácil quando não discordamos? Que nos empregamos na oração com os verbos apropriados e flexionados direitinhos… Ações determinadas ao melhor de vários mundos, o nosso, em frases simplificadas pela não necessidade de ceder ou ganhar de alguém. Queremos igual e está resolvido.
Já a discordância…
Bobagem, nada disso! Ela importa também!!! Quando a gente entende que não precisa falar a mesma língua para andar em paralelo, que não é necessário ter o mesmo gosto musical, de livros ou filmes; seguir tendências, usar aquele estilo de roupa ou corte de cabelos; empregar as mesmas ideias e conceitos que achou “inteligente” ou “cool” repetindo frases prontas e se tornando um clichê ambulante; reproduzir estereótipos para uniformizar um mundo tão colorido como é o nosso, você discorda concordando que a pluralidade tem o seu valor.
Não estar tão alinhado a discursos, pensamentos e atitudes não predispõe necessariamente uma separação, a nossa ruptura, o início de uma disputa e a terceira guerra mundial. Aprender a divergir dos outros e de nós mesmos, sem contaminar a relação estabelecida, é legal à beça e um sinal de evolução.
Queiramos então concordar e discordar na medida certa: aquela que é racionalizada à exaustão, acatada pelo coração e que nos manterá vivos em um verdadeiro oásis nesse que já é, pelo menos na minha opinião, um dos maiores desertos atravessados pela humanidade.