Mural não é palanque. Amigos não são eleitores. Você não é candidato nem mesmo dono da razão. Dá para acreditar que por mais que funcione com você, tem gente que não reage ao grito? Então pare de surtar! Ensinar não é a mesma coisa que enfiar goela abaixo conceitos já amadurecidos em você, mas em estágios diferentes do lado de fora. A sua pregação mostra paixão, mas só a fé – o entendimento – é capaz de unir tantos corações.
Educar exige calma e nem todo mundo está preparado para a tarefa. Podemos ser bons exemplos que ilustram a tese, que corroboram para a ideia defendida, que mostram “a” diferença com a proximidade necessária para incluir o outro na situação. Só que não basta! É fundamental ter muita paciência para erros, tropeços, recomeços. Para a não compressão, para a resistência e até para a negação. A resiliência de não jogar a toalha e desistir de alguém idiota, estúpido, preconceituoso e reaça. Eu também preciso aprender a lidar com certos tipos.
Botar banca de professor, mas explodir porque foi contrariado coloca você na mesmíssima posição de aprendiz. Precisa entender que nem todo mundo pensa igual a você, para começar. As ideias fatalmente não convergirão e a unanimidade é uma utopia. Quando cai a ficha que não há nada tão consolidado que não possa ser mudado, que não há cabeça-dura que seja impenetrável a um bom discurso, argumentos convincentes e tempo de maturação, você simplesmente segue em frente com o seu melhor. E abre-se por completo para não só falar, gritar e espernear, mas para ouvir, refletir e construir; para ensinar e aprender; para, quem sabe, mudar também.