Irá como entrou, Michel Temer, pela porta dos fundos. O cavalo galopante, indomável, a sela frouxa. O tombo anunciado do cavaleiro mais inábil, sem preparo, para o desafio que se apresentava. A crença do menos pior, jogada por terra, a comer poeira.
Tentou surfar a onda, pegar o bonde andando e ainda fazer história com reformas defendidas como essenciais tal qual impopulares. O homem à moda antiga – do tipo que escreve uma carta dizendo-se chateado e que acha que lugar de mulher é à frente do fogão, e não ao seu lado no comando do país – revela o que nunca fez muita questão de esconder: ser um político antigo (do pior tipo!), sorrateiro e sempre pronto a comer pelas beiradas, a varrer suas sujeiras para debaixo do tapete.
As rédeas perdidas, o desatino de manter-se em pé até o tombo, de um jeito meio folhetinesco. Gravado com a boca na botija, o cabresto revelado a um país estarrecido com um roteiro repleto de ganchos e reviravoltas. Outro coice, em cheio, na moral já mambembe e sem norte desse povo sem representação.
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E sobre Aécio Neves, só consigo pensar: bem feito! A desconstrução do personagem engomadinho, metido à besta e cheio de uma pompa aparentemente sem máculas revela que quem vê cara, definitivamente não enxerga o coração… Não basta estar envolvido em escandalosos casos de corrupção (quase todos) ou de ter sido gravado pedindo dois milhões ou de sugerir o assassinato de um primo(!). Tinha que direcionar o dinheiro justamente a Zezé Perrella, aquele do helicóptero carregado de cocaína, droga que, reza a lenda e senso comum lá pelas bandas das minas gerais, está impregnada na história de ambos políticos mineiros.