A Supremacia é um daqueles conceitos que deveriam estar enterrados, superados e vencidos, fôssemos seres mais justos e respeitosos com a nossa própria história. Vem da nossa extensa capacidade de pensar, de criar e recriar ideias, essa falsa e perigosa impressão de sermos maiores do que somos.
Não é por termos levado o mundo a um estágio de sofisticação profundo com tantas inovações, por termos inventado e reinventado rodas, por termos aprendido como domesticar o fogo, o ar, as águas, terras e corações, por termos dominado povos e utilizado uns aos outros a torto e a direito como força motriz de enriquecimento, por termos aprisionado, reproduzido em grande escala diferentes tipos de animais, por termos manipulado códigos genéticos e assumido a reinvenção de espécies (incluindo a nossa), por termos controlado doenças (e criado outras), por termos estendido os nossos anos de vida… Não é por nada, cara gente branca… Menos, bem menos!
Não interessa como venha travestida neste momento: se dentro do discurso branco, negro, ariano, europeu, imperialista, cristão, islâmico, árabe, ocidental, oriental, heterossexual, dos extremos da direita ou da esquerda… Ainda que falem em SUPREMACIA HUMANA (com toda a pretensão que tenham de dominar o que existe dentro e fora deste planeta) trata-se de um passo em falso, a pior escolha possível, o mais perigoso retrocesso e a comprovação de que não somos tão inteligentes assim.
Não existe como ser melhor num mundo que é por essência complementar, indissociável e ancorado em causas e efeitos, ação e reação, biologia, química e física básicas. Quando alguns de nós apostam nas diferenças, e não na soma, para justificarem suas vidas, mostram desconhecer a origem e o fim da vida num planeta que existia e continuará existindo sem a nossa presença. E isso, me desculpem, não é outra coisa senão o suprassumo da supremacia da ignorância e da estupidez humana.