Preza-se tanto pelo descartável e pelo prazer imediato, que não causa espanto a falta de sensibilidade diante das piores notícias. Não queremos nos aprofundar em nada e tornamos tudo volátil incluindo aí os sentimentos que antes eram arrebatadores (e justificavam o viver). Agora, como vêm, vão; como chegam, passam; como nascem, morrem.
Sem conquistar mais nada – achando que tudo é nosso por direito e que pode ser possuído quando bem entendermos – deixamos de estabelecer uma relação honesta e sadia com o mundo. Sem conexão, passamos a aceitar com naturalidade piadas cada vez mais inoportunas, comentários desnecessários e violência gratuita. Viramos bichos irracionais prontos para o bote, achando que nisso se sustenta a nossa própria existência.
Não existe vínculo sem conquista. E escrevo daquilo que vai além da troca de olhares, gracejos e encantos, do flerte ou interesse fútil. Falo da conquista pela empatia, por meio da simpatia… A da confiança, da fidelidade, da comunhão de momentos e experiências desta vida. Atitude e gratidão.
Conquistar um cúmplice, um aliado, um amigo, vai além de compactuar com um discurso de ódio e corroborar com a desunião. A falta de harmonia é ponto de colisão, afasta e elimina as possíveis chances de construir algo verdadeiramente bom, de formar alianças duradouras capazes de agregar sentido a uma vida passageira.
Vínculos são formados com dedicação, persistência, muito respeito e entendimento das qualidades e defeitos de cada uma das partes envolvidas. É entrega e paciência. É atar-se a alguém com gosto e ter a resistência de não soltar tão facilmente.