Enquanto a Coreia do Norte não dá sossego com testes de mísseis balísticos, meio que escondido no catálogo da Netflix está “Under the Sun” (2015), excelente documentário feito com a benção de Kim Jong-Un.
O filme acaba por desnudar uma Coréia do Norte diferente da pretendida no roteiro. Nem mesmo cenas ensaiadas e repetidas até um conceito muito particular de “perfeição” e do trabalho cauteloso da produção (a começar pela garotinha escolhida como protagonista da história) tiram a verdade, o segredo escondido nos contornos, na postura corporal e em detalhes que passam sem “maquiagem”.
As rachaduras da sociedade mais fechada do mundo estão ali, ainda que não explícitas: olhares cabisbaixos, tristes e sem brilho algum enquanto falam de coisas especiais numa cena dirigida para ter mais “naturalidade” ou ainda a falta de móveis e eletrodomésticos dentro dos apartamentos ou os dentes tortos e podres ou a pele ressecada ou ainda os carros antigos e ônibus caindo aos pedaços que transitam por Pyongyang.
Under The Sun rompe com a propaganda estatal para se tornar uma obra-prima da semiótica dando aos símbolos, signos e significados o protagonismo real da história. Incrível! 🌟🌟🌟🌟