“A 100 passos de um sonho” (The Hundred-Foot Journey) junta, em suas quase duas horas de duração, o melhor de dois mundos, o indiano e o francês, com boas doses de inocência, clichês, humor e emoção, mas sem ser cansativo, piegas, bobo ou descambar para um cardápio de lugares-comuns inseridos unicamente para tornar o título um blockbuster sem essência ou autenticidade. Disponível no catálogo da Netflix Brasil.
Tudo funciona no longa baseado no livro homônimo. É um prato cheio, com um trocadilho propício, para fãs de programa de gastronomia, contendo cenas exuberantes de alimentos – de clássicos a exóticos – que são colhidos, combinados, cozinhados e degustados diante de nossos olhos e seriam capazes de roubar toda a cena, não fosse por uma atuação precisa do elenco, com destaque óbvio para a excelente Helen Mirren (no papel de Madame Mallory) e de Manish Dayal (como o cozinheiro duas, quase três estrelas Hassan Kadam).
Tem espaço ainda para um entrave entre novos vizinhos; para um conflito cultural entre ocidente (mal-humorado, metido e arrogante) e oriente (festivo, colorido e resiliente); para questionamentos éticos importantes dentro da sociedade que defende a liberdade, fraternidade e igualdade, mas que se mostra fechada e por vezes intolerante ao que vem de fora; para um romance tipo sessão da tarde; e para o grande trunfo de filmes indianos, que é mostrar a força de nós seres humanos quando temos um sonho e somos persistentes para concretizá-lo. Ah, e claro, a sempre empolgante trilha sonora nas passagens de tempo.
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