[Dica Filme Netflix] Eu, Daniel Blake

Um pouco de perspectiva para enxergar o outro. A realidade enfrentada pelo inglês Daniel Blake – em “Eu, Daniel Blake” (2016) – talvez soe familiar/próxima/comum a muitos dos que verão ao filme, e desconstrói o discurso fácil de que só no Brasil a burocracia atrasa vidas, emperra processos urgentes e fecha os olhos para questões que um mínimo de empatia resolveria.

Sabe como funciona… é preciso seguir o script, regras, como se viver fosse uma prova com questões fechadas, e não esse emaranhado de experiências, histórias e situações que podem alterar a qualquer momento o curso dos fatos que acontecem com o Daniel, com você e também comigo.

E quando parece que tudo joga contra, que viver se torna uma batalha onde somos a parte mais fraca frente a um Estado que exige compreensão e resiliência a pagar uma conta que não fecha, sobra a imagem de abandono, a transformação de vidas em números que preenchem estatísticas de eficiência e de (má) gestão.

O filme é construído nos infortúnios da falta de diálogo com a máquina estatal e deixa de aprofundar, não permitindo rotas de fuga ao espectador, na vida pregressa dos personagens. É que os fatos acontecem, muitas vezes alheios a nossas vontades: é um ataque cardíaco, a má fé de um atendente, a compaixão que vira amizade… Eu, Daniel Blake sai das telas para ganhar vida na experiência de cada um, seja ela de subserviência ou anarquia aos abusos sofridos.

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