“Okja” chama a atenção por uma computação gráfica bem feita – o que são as interações de atores reais com o “grande porco” do título? Ou quando o animal pisa na água ou assusta as galinhas? Incrivelmente real.
A mensagem, bastante atual e urgente, agrada em cheio aqueles que denunciam as maldades da indústria alimentícia, explorando outros seres vivos para manter o consumo cada vez mais excessivo/ artificial do homem moderno.
Reconhecido esses méritos, tenho certeza que gostaria mais do filme se tivesse uns 30 anos a menos.
O roteiro e a direção lembram o de um desenho animado com vozes e atuações propositalmente caricaturais. Os personagens são mais do que estereotipados… Vêm explicados tim tim por tim tim nos diálogos que não deixam dúvidas sobre quem naquela luta representa o bem (invencível) e o mal (disposto a tudo para concretizar um plano ambicioso/diabólico). Maniqueísmo que, no meu entendimento, limita o filme de uma reflexão profunda colocando com mais intensidade no discurso dos vilões o fato de que o “sacrifício” de uma só espécie, ainda que fruto de uma manipulação genética, daria ao mundo a chance da salvação de todo o ecossistema que conhecemos (as pobre vaquinhas, os boizinhos, porquinhos, patinhos e galinhas servidos ao Deus dará e criados todos nós sabemos como).
Okja exibe ainda perseguições hollywoodianas em que uma menina criada em montanhas praticamente inalcançáveis mal sai arranhada com uma destreza do tipo Stallone, Van Damme. Ela chega a cair de um caminhão em movimento na grande Seul, rola no asfalto em meio a um tráfego daqueles e, como se ainda fosse pouco, tem força suficiente para subir em carros para chamar por seu amigo. Nem Jackie Chan teve tanta destreza. Sobram, durante todo o filme, armadilhas tiradas diretamente do acervo do Inspetor Bugiganga. Não mais do que bobo.
A boa notícia (para quem gostou!) é de que o filme foi claramente pensado para virar franquia… Quem sabe da próxima vez eu não assista ao Okja 2 (Okja, Invencível; Okja, o retorno) na companhia de uma galerinha inocente e que me faça acreditar numa história sem nuances, sentimentos dúbios e profundidade rasa.
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