A Rocinha está nas manchetes. As facções criminosas que a controlam se estranham, digladiam e mandam um recado de horror tirando pessoas das ruas, fechando escolas e alterando o ritmo da vida de milhares de SERES HUMANOS que precisam seguir em frente nestes tempos de crise. Brasileiros que ou são privados do estudo que permitiria uma ruptura no ciclo vicioso (que tolhe a educação e retroalimenta a violência urbana) ou que são impossibilitados de ir e vir com tranquilidade dos seus postos de trabalho.
O comércio é fechado e portas são trancadas na esperança de que as balas que saem das metralhadoras e fuzis entendam os limites de frágeis e mal-ajambradas paredes que se erguem morro acima. Pessoas como eu e você, trabalhadores honestos, estudantes sonhadores, membros de núcleos familiares pautados por amor e um extremo e mútuo cuidado, se jogam no chão escondendo atrás de um sofá, debaixo da cama, enquanto contam histórias para acalmar os que ainda estão alheios à zona de guerra em que vivem. Do lado de fora, a disputa se dá sob a sombra da ineficiência, da total incompetência, de uma unidade de polícia pacificadora, presente ali desde 2012.
A situação do Rio de Janeiro é reflexo direto de anos de corrupção política e da total negligência com um povo sofrido, mas que tradicionalmente é ludibriado pelo oba-oba de um ou outro evento megalomaníaco. É Copa do Mundo, Olimpíadas, o maior Carnaval do planeta e um festival do porte do Rock in Rio maquiando a realidade e criando a ironia de festa e alegria neste paraíso da beleza, mas marcado, principalmente, pelo caos.