Nem eu, nem você, o Papa, Newton, Einstein, Temer ou Trump… Nenhum de nós deveria bater no peito para dizer ter 100% de certeza do que quer que seja. As variáveis mudam, as leis são alteradas e as ordens constantemente reajustadas a novas verdades, que nos fazem voltar ao cerne da eterna ignorância humana (além de sua irrefutável prepotência em negá-la).
É espantoso como somos capazes de ter certeza absoluta, se mal nos damos conta dos porquês dos caminhos que tomamos, das escolhas que fazemos e do emaranhado de contradições defendidas ao longo de uma vida. Dizemos que estamos mais experientes, preparados, fortes e inteligentes como se virar a casaca, a folha, de uma hora para a outra não fosse a coisa mais comum do mundo. É a capacidade de adaptar, de ajustar e de seguir em frente, que permitem chegarmos tão longe.
Tudo aquilo que julgamos saber, dominar, explicar, teorizar, embasar com números precisos, dados e fatos históricos irrefutáveis, empirismos ou mesmo debruçando sobre a própria existência, pode se mostrar completamente impreciso a partir de uma nova descoberta. É a hora de entender como o conhecimento aprofunda o buraco de nossa ignorância, que a certeza de outrora é equívoco agora. Não faz mal.
Ninguém está livre de comprar uma batalha errada, de defender algum argumento que já esteja com os dias contados. Falamos demais, discutimos imbuídos no veneno da soberba e ampliamos uma diferença que nada mais é do que o acesso que cada um tem a uma determinada informação, além da predisposição em querer, a partir disso, aprendê-la. Aceitar a ignorância nessas horas é profundamente catártico e nos salva da armadilha da superioridade.
É por isso que não vou cair na armadilha de achar que cabe a mim decidir se todas as evidências sobre a morte de Teori Zavascki são parte de uma conspiração ou de uma fatídica e infeliz coincidência, se foi acidente ou assassinato.
Um juiz, um homem, um pai acaba de morrer junto com outras duas pessoas, mas tudo que parece nos sensibilizar é a capacidade de juntar os pontos dessa tragédia e defendê-los sem ponderação ou respeito às vítimas e seus familiares.