Nasce um novo comportamento que é pura análise de dentro para dentro, crítica a própria carne, atenção pontuando os extremos da vida que temos levado. É certo pensar que justamente os extremistas, donos de uma razão que só faz sentido dentro de cabeças doentias, as deles, são responsáveis por puxar a sociedade para frente ou para trás, mas de uma forma completamente equivocada: com divisão. Achando que ou é amigo, companheiro, irmão de causa, ou se tornou o vilão da história, o inimigo a ser combatido, o lado a ser desmerecido. É progressista ou reacionário, dependendo do lado, mas igualmente limitado.
Descobrimos antes tarde que nunca, que pontas soltas não são saudáveis e que é bom toda esta força e vontade para depurar atitudes saindo do isso ou aquilo, bom ou ruim, eu ou você. Como é importante ver a direita criticando a extrema-direita e a esquerda refutando atitudes da extrema-esquerda. A autocrítica é importantíssima para o aperfeiçoamento de uma vida, para elevar discussões de ambos os lados e expandir a consciência democrática.
Somos como seres humanos dotados de inteligência mais complexos do que uma opinião, do que a interpretação feita sem ouvir o outro lado e do julgamento sem direito de defesa. Somos melhores do que ataques imbuídos de verdades (impregnados de preconceitos) a quem quer que seja e sem o benefício da dúvida, sem a compreensão de que pessoas são diferentes e que tudo bem com isso.
A interpretação fechada é dessas armadilhas nas quais adoramos nos meter, tirando declarações do contexto e replicando-as ao mundo com um viés sórdido, maquiavélico e cheio de pretensões. O mundo-cão sempre a espreita de almas puras, as nossas, prontas para rebater e apontar a ignorância alheia. Ainda que na maioria das vezes possa até fazer sentido, em outras tantas mostram-se profundamente injustas trazendo prejuízos e fazendo vítimas por onde reverberam.
Entende aonde quero chegar? Não interessa o quanto acertamos, mas sim todos aqueles outros momentos em que erramos feio (quando somos cruéis e injustos), ou todas aquelas vezes que mandamos para longe quem deveríamos trazer pra mais perto. Repito: há esperança e ela está em olhar para dentro, sem celeumas! Parece que entendemos finalmente que não é um jogo de certo e errado; que nos mostramos dispostos a ampliar a análise vendo que, em tudo, há o que melhorar começando por nós mesmos. Toda crítica será sempre mais do que bem-vinda para a reedificação de seres melhores.