O país de futebol, este mesmo que registra um dos mais altos índices de violência praticada contra mulheres (e isso considerando apenas as denúncias que vêm a público) é a mesma terra de lei obtusa, falha, que não cansa de dar brechas para que criminosos como o goleiro Bruno tripudiem das instâncias estabelecidas e retomem um espaço na sociedade antes de cumprirem a pena à qual foram sentenciados.
Bruno, que antes do crime era goleiro do Flamengo (time da tal maior torcida do Brasil), é macho do tipo capaz de planejar a morte de sua amante, mãe de um filho dele e jogar os restos mortais para alimentar cachorros. Bruno, o mesmo que ainda traz aquele olhar pouco arrependido visto à época do crime, foi condenado a mais de 22 anos de reclusão e agora, seis anos depois e fora da prisão, diz-se feliz com a oportunidade e sonha com a seleção brasileira.
O time de futebol que destravou o cadeado da penitência moral de Bruno e que deu a ele esta chance de recomeço após mais uma esculhambação da justiça nacional, chama-se BOA Esporte Clube, mas revela ironicamente o oposto do que traz no próprio nome. É MAU, oportunista, sensacionalista e, de certa forma, tão cúmplice quanto Bruno pelo crime que tirou uma vida, que deixou uma criança sem mãe, uma família sem filha, neta, tia, prima…
Vão-se os patrocinadores, implode-se o caráter dos dirigentes, a ética esportiva de uma camisa, o ambiente profissional que deve existir entre jogadores e comissão técnica além de manchar para sempre a história de um clube que eu não conhecia, mas que já se provou machista, misógino e criminoso.