Namoros

Não morra de amores, viva. Amor é começo, não o fim. É uma jornada de encontro, não de sacrifício; constituído para somar e trazer alívio, e não para deixar a gente ainda mais inseguro, desconfiado ou triste.

Namoro – quando é para ser – pega desprevenido e dá uma mexida em tudo. Chega e desalinha a ordem das coisas e deixa a gente meio que sem saber o que fazer. E agora?! Deu ruim, ferrou, fodeu. Match! Mas ainda que bagunçando tudo, pode ser um ar puro que enche os pulmões e prepara para o que vem pela frente. Logo que entra nos prumos, ganha uma cadência única e se ajusta àquelas vidas que escolheram bater no mesmo ritmo.

Namoro é construção de um novo tempo, e não um passatempo ou pior: perda de tempo. Não é brincadeira ou um jogo. Vem da complementariedade de perfis, e não da competição entre pares. É não precisar acertar sempre, mas que não seja um amontoado de erros. Acostumar-se com alguém sem contudo deixar de surpreender. É resistência e paciência. Respirar fundo e contar até dez, por entender que isso não é nada perto do infinito que une dois pontos.

Namorar não pressupõe a atrofia do amor próprio, o fim da liberdade ou o talhamento dos sonhos individuais. Pelo contrário: é a valorização do que cada um tem de melhor; o entendimento de que só se alça voos fora de gaiolas; o espaço e o suporte para uma vida realizada.

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