Eu venho com um pedido, não uma ordem. Eu quero vontade, nunca obrigação. Que seja entrega, paixão e interesse, e não por falta de opção. Tem que ter energia para dar e vender; já sair acelerando sem perder o ritmo da toada, o fio da meada. Que cause palpitação… As horas voam!
Ando de ônibus, a pé, de metrô sem ser surpreendido pelas reclamações de sempre: o chefe bravo e injusto, a vizinha de baia folgada, a outra que foi promovida porque dormiu com não sei quem, o colega chato que separou e está atacando geral, o trabalho enfadonho e mal pago, a falta de estímulo e empolgação e a promessa de que não deixará barato desta vez. Você vai ver!
São vidas que passam sem brilho das oito as cinco, das nove as seis, das dez as sete… O único esforço é manter o velho ritmo de empurrar lentamente com a barriga a rotina, varrer para baixo do tapete as frustrações e fingir que está realizando seu papel, medíocre, mas necessário.
Caro colega, estimada amiga, que você queira hoje, agora, fazer algo por você, pela sua felicidade e satisfação, sem perder nem mais um segundo cumprindo obrigações que não são suas, que não te façam comprar a briga. Que encontre prazer em planejar e tirar do papel, em ver ganhar vida até chegar em outras pessoas aquilo que está lá dentro do coração, que não somente fofoca e triangulação.
Que jamais se arrependa do que quer que seja, principalmente de como está vivendo; que seja paixão de ponta a ponta, a melhor forma de realização (aquela que não é custosa ou desgastante); que seja diferente a ponto de não precisar reclamar mais. Eu venho com um pedido, não uma ordem: que cause palpitação este novo ritmo da toada.