Não damos o tempo necessário para melhorar as dores, cicatrizar as feridas e restabelecer as forças. Parecemos sempre dispostos a encarar novas tormentas, a disputar espaços em terrenos sinuosos e a abrir mão do que antes era valioso: aquele “obrigado pela consideração”.
Exigimos mudança, criticamos aleatoriamente, reclamamos sem filtros e quando somos certeiros, escolhemos missões que são tão pequenas quanto se provam mesquinhas. Vencer uma discussão num post polêmico, destilar nosso ódio na foto de alguém ou ignorar um pensamento contrário consome uma energia enorme que nos drena a paciência, destrói a paz de espírito e distancia do que realmente importa; que um dia nos importamos de verdade!
Ficamos piores a cada desentendimento. Pouco a pouco nos tornamos mais fracos e vulneráveis, mas isso passa longe do juízo de quem mal controla o que está na cabeça. E deturpando as nossas próprias artimanhas, usamos filtros para maquiar a verdade e para esconder imperfeições como se estivéssemos sempre fortes e dispostos, incrivelmente motivados a lutar.
Enquanto reconfigura-se a vida da forma necessária para atender a uma demanda urgente de satisfação, descarta-se a sensatez de que é impossível ter prazer na exposição do nosso pior, da fragilidade dos laços, do não abraço que é ausência. Você diz se sentir pleno em meio a polêmica, contente com o caos, mas não dá tempo para entender o que perdeu com aquilo. É tudo tão rápido que não é capaz de ver parte de você indo em posts mal digeridos. Demora a se dar conta de que o lugar ficou vazio.