Toda vez que você sentar para comer alguma coisa; toda vez que você reclamar da qualidade, do gosto, da comida disponível a uma garfada; toda vez que você criticar a vida que tem, o país onde mora ou como as coisas são por aqui. Pense. Nas. Crianças. Sírias.
Naquelas que acabaram de morrer em um ataque após serem atraídas por um veículo cheio de comida, nas outras que continuam passando fome abandonadas a toda a má sorte por serem vistas como dispensáveis, descartáveis. Em todas aquelas que perderam seus pais, que crescerão sem família e que já lutam como gigantes para, de alguma forma além da compreensão do que é ser forte e valente, levantarem dos escombros para seguir em frente.
Das que nem desconfiam, mas que terão de sobreviver a ataques vindos de todos os lados: de rajadas de tiros a bombas de gases tóxicos. A qualquer momento e sem aviso. É o lamento que antecede a própria morte ou choro de quem está só em um mundo de horror.
É a luta mais injusta pela sobrevivência, o domínio da ansiedade em mentes que deveriam ter o direito de ainda serem inocentes; a desilusão de quem perdeu a esperança e a fé junto com partes do corpo, membros da família e noção do que é ter uma vida digna e com perspectiva futura. O instinto de não morrer de fome tratado como isca para o bote certeiro de seres inomináveis.
Pense. Nas. Crianças. Sírias. Pelo amor de Deus, de Alá, de Jeová, de qualquer dos Orixás, de Santos, Espíritos, de Buda, do não-deus, pelo amor que sente ao seus filhos, aos seus pais, à sua família, pelo amor que sente pela vida que leva, pelo futuro que sonha em ter, por tudo que já viveu e que são só boas recordações. Pelo amor que nasce de dentro e para você mesmo: pare um pouco! E faça. Algo. Pelas. Crianças. Sírias.
Vale orar, rezar, mentalizar algo positivo, se mobilizar nas redes sociais, apoiar alguma entidade que está atuando naquele país, se voluntariar para auxiliar refugiados, pressionar governos para que deixem interesses de lado e que lutem apenas pela manutenção da vida… Só não vale ignorar o assunto e não fazer nada. Precisamos sempre nos lembrar que somos tão habitantes deste planeta — e merecedores do que ele tem de bom — quanto quem mora lá longe.