Presunção

Você não leu a fundo, não se informou como deveria nem mesmo tentou discutir com quem entende do assunto, mas já toma sua opinião como uma verdade inquestionável sem abertura para dúvida porque né, você é foda demais, esperto demais, sensitivo demais para estar errado dessa vez.

Justifica como “experiência” e diz que quando se tem um filho tudo fica mais claro. Que as coisas passam a ter outro valor sem que, contudo, tenha a lucidez de que, por exatamente colocar herdeiros nesta terra, deveria defender uma sociedade mais igual, justa e sem qualquer tipo de incitação à violência.

Não dá para presumir-se bom defendendo quem tem um discurso sustentado em ódio, preconceito, intolerância e violência. Vale para o Bolsonaro – aquele que diz o que você pensa, mas que até então não tinha coragem de colocar para fora – para o Trump – que é aplaudido exatamente pela truculência e falta de respeito à quem pensa diferente – e para tantos religiosos que são cultuados em pregações agressivas, cuspidas entre aleluias e améns pouco reflexivos.

Talvez a sua presunção de que tais perfis sejam  “bons” ou “necessários” a um país tão judiado como é o nosso, esteja sustentada no fato de aparentemente eles não terem papas na língua, de parecerem honestos e sem medo algum de dizer o que pensam… Nem que isso esteja relacionado a “estuprar” uma colega de trabalho caso ela merecesse, a dar porrada para virar homem ou meter bala sem pensar duas vezes. Quem mandou andar sozinha? Ser gostosa? Não se dar ao respeito?

É esse o seu conceito de “bom” e “necessário”. A sua referência de “mito”.  A presunção que você tem do que seja “certo” e “apropriado”, veja bem. Você que é pai, mãe, que tem família. O seu legado para este mundo, aquilo que deixará para seu filho, é  puro ódio, preconceito, intolerância e violência. Não presuma ser tão bom… Você teve a coragem de corroborar com o pior e tem sua parcela de responsabilidade em tanta crueldade que estamos assistindo.

 

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