Pode me chamar de boba, tapada, iludida ou otária. Vocês estão certos… Ser passada para trás, e o que é pior, gostar disso, me torna um tipo difícil de descrever de uma forma, digamos, menos crítica. Sentimentos dúbios e conflitantes me afastam depressa para logo em seguida, diante da falta, provocarem uma saudade louca, que me traz de volta para perto ainda mais entregue e apaixonada do que antes.
A corda é bamba e se estende sobre um precipício que nunca vi igual. Quem mandou eu me envolver tanto sem uma contrapartida à altura? De uma forma impossível de controlar só dou por mim quando já fui lá e traí o meu orgulho. Amor próprio? Não conheço. O único ao qual fui apresentada, tem nome, sobrenome e um endereço que por uma dessas brincadeiras do destino fica bem perto da minha casa, ao alcance da vista que tenho pela janela do meu quarto. O que eu vejo? Que ele não presta!
Em frangalhos, prometo não voltar, juro esquecer tudo aquilo, superar e nunca mais olhar naquela direção, mas é mais forte do que eu. Que culpa eu tenho se ele beija bem… MUITO bem? Que ele me escuta e me faz sentir especial nas horas em que estamos juntos? Que ele finge se interessar pela minha rotina, pela minha vida monótona e por esse corpo que nunca sai de dieta?
Já fui direta e mandei na lata,”sorte que cê beija bem, seu idiota“, no que – de uma forma impressionantemente cafajeste (e sexy, aff) – tive de ouvir “que era bom eu não me apaixonar“, “que ele não era flor que se cheire“, “e que nós éramos um problema difícil de resolver“. Desde aquele dia deixei isso de lado… Não ele, mas a problematização do que envolve “a gente“. Além do que, e se eu quisesse “aquele” probleminha para mim?
Sei o que vocês estão pensando sentados aí nesta zona confortável e distante de quem ainda não teve o azar de cruzar o caminho do idiota. “Se valoriza, mulher!“, é um conselho que faz sentido, mas que é sempre mais fácil dar, do que seguir. Eu mesmo já falei para algumas amigas baterem no peito e mostrarem um pouco mais de autoconfiança, sugeri que fizessem a fila andar e que ocupassem a mente com outros. Mas agora é diferente… Não adianta jurar o que não dá para cumprir, gente! O idiota é bom pra cacete e isso me faz perder o rumo de casa.