Ser transparente é revelar o que ecoa lá dentro, é soltar o que sente, dizer o que pensa, sem que isso pressuponha grosseria. Enquanto transparência é cuidado, atenção, zelo e respeito, a ausência de filtros, de tato, de modos e jeito é tão somente isso: falta de educação.
Mas vamos além até chegarmos no preconceito, que é contaminar o externo com aquilo que carrega de pior dentro do peito. Existe entre nós uma clara confusão do que é a expressão de uma opinião polêmica (da transparência como defende suas verdades para a audiência) com o mais puro e aberto preconceito e raiva por outros seres humanos.
Os comentários feitos recentemente contra a nova Miss Brasil, a piauiense Monalysa Alcântara, é o exemplo da vez de um ódio racial sem máscaras e de um preconceito de classe que vigora desde o Brasil Colônia.
Só que os tempos são outros… E podemos finalmente coroar uma Miss que é a cara de nosso povo, maravilhosa em sua simplicidade, nordestina com sotaque arretado e com uma pele que carrega a história da miscigenação nacional. Não poderia haver representação melhor da brasilidade tropical.
Estamos juntos aos que se levantam contra um discurso racista e ancorado na divisão de classes, por acreditarmos que o Brasil é um país que vai além do sul e do sudeste, e que está disposto a romper de uma vez por todas os limites impostos por uma Casa Grande excludente e desacostumada a perder privilégios.
Aos que falaram que Monalysa tinha “cara de empregadinha”, que disseram que ela era “normal” e que não aceitam que tenhamos misses “negras” nascida bem longe do Rio Grande do Sul, é preciso que reavaliem com urgência os próprios valores, que estudem um pouco de nossa história e que aprendam sobre as belezas de um território de grandezas continentais. Mudem, aprendam! E que aqueles que não se esforçarem para serem melhores, possam sofrer as consequências previstas em lei para tais crimes. Nada mais justo e merecido!