Covardia é uma palavra interessante por traduzir dois tipos de comportamentos antagônicos. De um lado, a falta de coragem ou o gesto caracterizado pelo medo ou temor. De outro, o nome que se dá à violência efetuada contra algo mais fraco. Inferioridade lá, superioridade cá.
Nas imagens que hoje dominaram as redes, é a covardia que fez o cachorro abandonado fugir com o rabo entre as pernas ao ser acuado pelo segurança do Carrefour de Osasco. E é a outra covardia que fez aquele ser humano dentro de um uniforme-farda achar que poderia envenenar, encurralar, machucar um animal indefeso que estava na hora e no lugar errados, muito provavelmente em busca de atenção, comida e carinho. Morreu querendo afeto e conhecendo o pior lado da humanidade: a crueldade desmedida.
Mas não é um comportamento isolado. É a mesma covardia que atinge pessoas em situação de rua feridas enquanto dormem madrugada adentro. É a mesma covardia que faz um grupo de três, quatro, cinco, seis… cercar um LGBTQ+, dar chutes, socos, pontapés, golpes de lâmpada na cabeça até desacordá-lo. É a mesma covardia que dentro de casas vizinhas as nossas faz mulheres apanharem caladas de maridos, namorados, companheiros. É a mesma covardia que ateia fogo em índios “por brincadeira”. É a mesma covardia que faz fronteiras serem fechadas, muros levantados e pessoas em peregrinação morrerem de fome, de frio.
É e sempre será sobre a covardia humana.