Ainda que os números sejam alarmantes, que as notícias nos tomem de assalto tamanha a brutalidade daquilo que relatam, não dá para achar que a situação do Rio de Janeiro é um caso à parte, distante da realidade que temos de lidar diariamente, de norte a sul, das menores às maiores cidades do país.
Os casos de injustiça se multiplicam Brasil adentro alcançando números históricos: são recordes seguidos de recordes num mundo cão sem disfarces. A lei da sobrevivência é isolar-se atrás do muro mais alto que possa levantar, estar em alerta 24 horas por dia e, ainda assim, contar com doses extras de sorte. Não tem essa de hora e lugar errados: o agora, o viver HOJE no Brasil, é que é um risco imponderável.
São agressões verbais, físicas e morais na terra do desrespeito constante à vida e liberdades pessoais. É o insulto gratuito no trânsito, as ofensas e ameaças em redes sociais, vem numa coronhada de revolver num banheiro de shopping em bairro de gente diferenciada, uma gravata numa senhora que estava indo comprar pão, arrastões em bairros celebrados em horário nobre, a sangria em presídios orquestrada por grupos que continuam a mandar na rotina de quem acredita ser livre.
O crime, no controle do “como”, do “onde” e do “até quando” podemos viver, é uma sombra nesta nossa jornada de liberdade condicionada.