Eles nos prometeram uma tecnologia que romperia as barreiras da distância, mas nos educaram a usar mensagens cada vez mais objetivas, gifs, figurinhas e outras tantas respostas automáticas sugeridas.
Não faz muito tempo em que escrevíamos cartas ou depoimentos no Orkut. Neles, buscávamos as melhores palavras, lembrávamos os melhores momentos, deixámos um pouco de nós, de nosso sentimento, para outra pessoa. Agora, agradeça por um “como vai?“, a promessa do “vamos marcar“, a mentira na “saudade” que só cumpre mesmo o papel de ocupar o vazio de conversas sem sentido.
Bateu saudade do tempo em que as ligações telefônicas eram caríssimas, mas nem assim impediam horas de bate-papo sobre assuntos aleatórios. Hoje, os planos vendem ligações ilimitadas para todo o país, wi-fi e WhatsApp viabilizam o contato 24 horas por dia, sete dias por semana, mas tudo que sentimos é mesmo preguiça.
Por preguiça, fica pra depois até que tudo aquilo que foi vivido tome tempo demais para um relato em poucas frases ou num áudio longo que sequer seria ouvido do início ao fim. A indiferença disfarçada de atenção até que enfim não reste um só vínculo. Mais um grupo em silêncio.
Somos os responsáveis por matar as nossas relações. Nós deixamos que as reações a textos, que as impressões a posts e fotos, que as percepções e interpretações de comportamentos virtuais definissem quem somos e com quem queremos estar no mundo real. Não deu certo, dá pra ver, e não só por todas as relações cortadas: algo em nós foi junto com cada um daqueles que se distanciaram.
É por isto que precisamos voltar a mostrar que nos importamos, que queremos e que estamos por inteiro dentro de uma relação… Pelo reencontro com os outros e com nós mesmos (com nosso melhor)! É a disposição a deixar de lado os milhares de “amigos” do Facebook, as dezenas (centenas?) de milhares de seguidores do Instagram, para voltar a cuidar daqueles poucos e bons que sempre estiveram ao nosso lado num tempo em que éramos cúmplices de histórias, e não telespectadores de “Stories”.