Covid-19: O inverno está chegando

Redefinimos o conceito de bolha. Demos a ela contornos nada translúcidos que revelaram a pior face de muitos. A estupidez e a ignorância delimitaram espaços coletivos restringindo opiniões. Repetimos preferir andar sós do que mal acompanhados… Que era melhor mesmo o afastamento… Não precisávamos de pessoas assim ao nosso lado. Subimos paredes, concretamos nossas certezas. Desfizemos amizades, silenciamos vozes destoantes, bloqueamos eles, e nós, de aprendermos juntos.

Veio então de uma estrutura muito simples, um vírus de um tipo até então desconhecido, a imposição do que antes era uma tendência voluntária de nos fecharmos em nossas certezas. É lei: a partir de hoje, todos em suas casas, sem contatos físicos, nada de festas, confraternizações ou qualquer outra aglomeração. Parques, academias, restaurante, lojas fechadas…  Atenção ao toque de recolher, de agora até sabe-se lá quando, isolamento social.  PARA O SEU PRÓPRIO BEM.

O que era capricho virou necessidade, emergência, calamidade. Um problema de saúde pública, uma questão de vida e morte. E da porta pra dentro de nossas casas, trancados, teremos a companhia de nossa consciência, a presença do medo e a ameaça de sermos os próximos a aumentar as estatísticas.  Nas próximas semanas, todos poderão questionar as certezas que têm sobre o que é estar vivo e refletir sobre o caminho que vêm trilhando.  Você pode até não ter entendido ainda, então que eu seja direto: eu precisarei de você como você precisará de mim. Estaremos longe, mas unidos ao mesmo drama. Precisaremos uns dos outros, de quem pensa igual e também diferente, para atravessar o inverno que está chegando.

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