Em pouco mais de quatro meses, Timóteo, lá em Minas Gerais, deixou de existir. A gente viu que o fim estava próximo, discutiu medidas que podiam evitar o fatídico dia em que ela sumiria do mapa… Só que as urgências de uma vida pautaram decisões pouco inteligentes, e enfim… Já era. A história de quem andou por aquelas ruas, de quem coloriu bairros e encheu de vida clubes, bares, igrejas, o coreto ou a praça, ficará na lembrança.
A gente pode chorar, mas nenhuma lágrima trará de volta o acontecimento que eram aquelas missas lotadas na Paróquia São José de Acesita. A gente pode se arrepender de não ter valorizado há tempo aquele calor sem igual e que era um convite a um mergulho na lagoa Bonita, a uma visita ao Oikós, ao Parque Estadual do Rio Doce, ao Campestre, ao SESI, ao ALFA… As risadas e causos que varavam a noite nos botecos. A visão que se tinha de um luar gigante, que iluminava as caminhadas no início da noite.
Lá se foi Timóteo e seus 100 mil habitantes. E assim, de um dia ao outro, entendeu-se que uma centena de milhares de vidas não era outra coisa senão histórias, experiências e emoções. Tem gente que não liga. Há quem questione “e daí?” por haver outras tantas cidades como ela país adentro. E, claro, sempre terá alguém para relativizar a dor que não é dele. Só que ela, a dor que a gente sente no peito — que é saudade, que é raiva, que é tristeza, desesperança e mais um monte de coisas — ela não é substituível ou comparável. A dor não é matemática ou uma estatística. Ela ocupa o espaço silencioso de uma consciência pesada. É a culpa da negligência, da omissão e da indiferença.