Fuja enquanto é tempo!

Não dá para aceitar a situação que vivemos. Nenhuma delas. Sim, é um absurdo que comerciantes tenham que fechar as portas até sabe-se lá quando o vírus dará trégua. E sim, também é um absurdo manter as portas abertas, uma vida em aparente normalidade, com quase quatro mil mortos por dia.

Reclamam da decisão dos prefeitos de fechar “tudo”. Ok, você não precisa concordar com ela: mude de cidade, vá viver sob outra administração. Está cheio de gestor negacionista por aí e não será difícil escolher um para chamar de seu. Talvez possa até mudar de estado. Por sorte, uns três ou quatro governadores ainda remem contra a maré e desconversem sobre os fatos. Por fim, há uma cartada final: desista do Brasil, de Bolsonaro, dessa crise sem fim que de fissura virou rachadura e que ameaça abalar os alicerces de nossa democracia em meio a um genocídio. Fuja enquanto é tempo!

A nossa situação está escancarada em todos os jornais que talvez você não leia ou veja mais, por preferir acreditar no que está nas redes sociais. Não acredita na “Globolixo”, no UOL, na Folha, na Veja, no Estadão… a chamada imprensa profissional, mas respalda a informação de um texto sem autor que recebeu encaminhado por um amigo no Whatsapp. Interessante. A nossa imprensa é vendida, você diz. Corrompida. Ela não fala das coisas boas, o número de curados talvez, como se fosse mesmo uma competição entre números absolutos. Não é. Quase quatro mil brasileiros morrem todos os dias só por covid-19, essa é a notícia e continuará sendo enquanto estivermos nessa carnificina. Interessante que você não saiba disso, mas diante a sua decisão em não aceitar o nosso jornalismo, sugiro que leia, que veja, o que diz a imprensa internacional sobre nós.

Não dá para aceitar a situação que vivemos. Nenhuma delas. Por que então disputar verdades se a nossa própria sobrevivência é ameaçada? Somos indisciplinados, estamos desgovernados e queremos acreditar que cabe a cada um de nós decidir mais uma vez por um dos lados. Mais de um ano depois ficou provado por “A +B” — 300 e tantos mil mortos e outros milhares de negócios fechados — que não é bem por aí. O combate à covid-19 tem que ser unificado, preciso e sem contradições. Com fatos e dados. Todos nós precisamos respeitar as milhares de vidas que são perdidas e as outras milhares que estão na iminência de viver uma tragédia pessoal. Não é uma escolha entre isso ou aquilo, mas de como estas duas coisas, nossa vida e a economia que movimentam, andam juntas. Respeitemo-nos.

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