Como diria Zygmunt Bauman,
“diante de nossos olhos, a cultura do medo produz a política do medo.”
As coisas não parecem, elas estão mesmo de pernas para o ar… Nunca a humanidade teve tanto acesso à informação, conhecimento, mas parece não saber lidar com todo o volume oferecido. Curiosamente, deixa de aprofundar nos assuntos, preferindo ficar nas primeiras linhas dos textos, nas impressões do primeiro contato e nos preconceitos cultivados ao longo de uma vida. Rir para não chorar!
A crise política (aquela de representatividade) não é só nossa vide a alta popularidade de Donald Trump na corrida republicana pela vaga que disputará as eleições norte-americanas. Qual a diferença entre o discurso de ódio, intolerância e preconceito destilados pelo candidato e aquele praticado por grupos extremistas/terroristas do Oriente Médio ou África? Qual é mesmo o conceito de extremismo e terror que estamos adotando?
Sob a sombra do terror, do medo e da insegurança partimos para o ataque: se defender e matar inocentes a torto e direito, desconstruir discursos contrários, tendo por base que nossa ideologia é mais certa do que a dos outros. Estranho para uma sociedade que defende tanto as liberdades individuais…
Sim, que toquem as trombetas. Principalmente a do divertidíssimo www.trumpdonald.org. Que a gente – aquela de bem, sensata e que entende a relação causal de suas ações – possa ridicularizar o equivocado discurso de Trump enquanto ainda é tempo, mas entendendo que até ele é importante para a construção de valores morais mais sólidos e respeitosos. É um caminho menos óbvio.
Os anjos do apocalipse, aqueles que prenunciam o fim, estão por aí, debruçados em medos e fomentando a deliciosa e fácil forma que encontramos para viver: odiando uns aos outros. E sem entrarmos fundo no problema, tratando tudo como se não tivesse importância, caminharemos para o pior dia de nossas vidas, repetidas vezes mundo à fora. Trump é só mais um símbolo do que temos de pior – e também a chance de mostrarmos aquilo que temos de melhor.