Os assuntos que odiamos amar

Aécio, Alckmin, Bolsa, Bolsonaro, Brasil, Cantareira, corrupção, Congresso, Coxinhas, Cunha, dengue, Dilma, dólar, ENEM, Estado Islâmico, Feliciano, Globo, H1N1, Haddad, impeachment, Jean Wyllys, Lula, Malafaia, Kim, Maranhão (esse foi rápido), Lava Jato,  MBL, metrô, Moro, ocupação de escolas, panelaço, PM, protestos, PSDB, PT, SABESP, Seleção Brasileira, Senado, violência, Trump, Uber, Veja, zyka…

Lá se vai a paciência com tantos assuntos girando em looping infinito. O disco arranhado sugere, é claro, a urgência dos fatos, mas também a pouca e, principalmente, sincera vontade de sair desse imbróglio.  Suspeito que estejamos (lá no fundo e que ninguém nos ouça) gostando de viver isso tudo. Odiamos amar o que amamos odiar, nada que psicólogos não possam explicar com muito mais embasamento e menos suposição. E eu só me atrevo a analisar isso porque tenho ódio do tanto que amo acompanhar a banda passar, e falar sobre isso por aqui.

Temos assunto para dar e vender, ao gosto do freguês. Aprendemos a desconfiar quando as coisas estão “tranquilas”; quando as notícias não vêm. Esperamos pelo “urgente”, pela cobertura jornalística extensiva, pelos plantões ao vivo, pelos posts de amigos inconformados e nervosos e desesperançosos, pelos memes engraçadinhos e preconceituosos e de mau gosto. Réplica, tréplica, debate de gigantes apequenados por seus egos. Ideias que competem quando deveriam, ainda que diferentes, ser complementares.

Sem contar um detalhe que passa imperceptível para a maioria, mas que explica muito do momento que atravessamos: quando todas as coisas são urgentes, emergenciais, acabamos não dando a atenção merecida para nenhum dos assuntos. Muito por tão pouco.

Tanta exploração, tamanho sensacionalismo, não reflete necessariamente na profundidade e em um movimento de conscientização capaz de virar o jogo. Quando a gente pensa que vai, que estamos quase lá, passamos rapidamente para o próximo assunto que acaba de surgir no feed. A máquina gira mais uma vez levando junto a nossa empolgação.

Envie seu comentário