Bateu um cansaço onde era só dor de lado. De tanto incomodar, calejou; trauma após trauma sem intervalo de recuperação, pausa para cicatrização. Calo sobre calo tanto foi que endureceu e agora é de pedra, de gelo. Foi-se a sensibilidade, a agilidade, a flexibilidade, aquele jogo de cintura para tirar tudo de letra. Não dá mais… Estamos descolados, desolados, abalados, sequelados.
Toalha no chão, jogada. Moral no chão, arrasada. Esperança e fé destruídas. A alma que não encanta mais, apagada. Falta brilho, brio. O sonho é sair do pesadelo. Do pesadelo de não ter mais sonhos. É círculo vicioso, erro que chama equívoco, que provoca mais pisadas de bola, vacilos, mancadas.
Que me desculpem os familiares dos policiais do Espírito Santo e os próprios soldados presos dentro dos batalhões, mas a luta perdeu a razão na primeira loja saqueada, nos incontáveis assaltos realizados, no terror instaurado, nas quase já 130 vidas perdidas. A vocação deu lugar ao mais puro e sórdido egoísmo, que dinheiro algum poderá pagar.
Era a dor de uma classe desfavorecida, o incômodo de profissionais que precisam sim terem mais reconhecimento. Virou monstruosidade, insensibilidade, vilania de quem esperávamos apenas bravura e heroísmo. Fico realmente sem entender como ainda conseguem dormir tranquilos tendo traído a própria consciência e lisura.
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