A caçamba está cheia

Era de se esperar que chegaria o dia em que explodiríamos, que a paciência se esgotaria, que o sangue ferveria e que botaríamos tudo a perder. Foi juntando tantos lixos, segurando tantas bombas, não separando o joio de trigo, que perdemos a estribeira levados por uma reação explosiva: Bum! Não restou mais nada a ser considerado. Não tem mais nada para ser falado. Não há remendo que dê jeito no estrago.

Ainda que falassem que seria assim, que previssem o nosso descontrole, que anunciassem o abismo ali na frente, escolheríamos ainda continuar em rota de colisão pelo estranho prazer que aprendemos a sentir com isso. Ideias que se chocam, mas que não embolam e muito menos se fundem. Ideias que se materializam em uma muralha invisível aos olhos e intransponível ao coração. Não nos tocam, nos atingem, nos completam.

Entulhando nossos traumas, escondendo nossos medos. Enchendo o peito para dizer o que ninguém merece ouvir, da forma como nós mesmos odiaríamos receber, avançamos o sinal, o aviso de que é hora de parar, para sentir o sangue ferver e o coração pulsar. A adrenalina de saber até onde ele aguenta, aonde a corda arrebenta. Pela morbidez de acompanhar a destruição, de deixar que agonizem em uma morte lenta lá dentro de nós. Por eliminar sem pensar duas vezes e recompor-se na velocidade de quem não se importa com nada, senão com suas próprias certezas.

Só é preciso um post mais sensível; que toquem naquele tema; que falem em um nome; que venham contra o que acredito… Para achar que é pessoal! Era de se esperar que chegaria o dia que explodiríamos, ainda que falassem que ia ser assim, entulhando nossos traumas.

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