O amor se colocou como uma alternativa, mas à espreita, sem se impor… Ama quem quer, quando, onde e como cada um entende ser possível! E dança-se de rosto colado com a tolerância, o respeito, a empatia, a comunhão de assuntos e vontades; com deixar que o outro fale, com fazer-se ouvir sem precisar gritar; com aceitar que não precisa ter consenso para estar tudo certo; com a risada cortando um assunto sensível que não precisa ser levado às últimas consequências, sem testar limites, forças ou ver até onde o outro aguenta. A corda não precisa arrebentar, ao contrário: pouco a pouco ela se torna aço, ainda maleável, mas mais vistosa e indestrutível.
O ódio também se mostrou viável, uma ideia fácil de ser comprada, digerida, assimilada e passada para frente. E os motivos para odiar, há quem diga, não faltam: basta, por exemplo, uma indisposição a aceitar que somos mais complexos e plurais do que o que se apresenta em nosso feed de notícias. Basta que o outro pense diferente, que torça para um time que vira e mexe dá de goleada no nosso, que se saia melhor no ambiente de trabalho ou nas provas da escola e da vida, que seja mais cabeça-dura para reconhecer que “tá errado sim senhor”, que acredita num Deus que deus te livre e guarde d’Ele e dos demais fiéis bitolados…
O ódio alimentado por frustrações e egoísmo. O amor jogado de escanteio, negligenciado, mas sempre a espera para reconstruir seres humanos arrasados por bombardeios. Amor estraçalhado por ódio, ódio desarticulado com amor. O ódio é pesadelo, mas o amor sempre será sonho de uma noite de verão… Daquelas que vêm com tempestades assustadoras, mas que logo passam sem grandes danos. Não interessa como você enxerga o amor… Como o do Gregório e da Clarice ou o do Rafinha e da Junia ou de nenhum desses dois, mas de um jeito só seu. Contanto que não se torne ódio, está tudo certo e perfeitamente admirável.
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