Debaixo de Sete Chaves

Tenho amigos e isso faz toda a diferença. Eles me acompanham, me incentivam, criticam, me põe no lugar: quando é necessário ter o estímulo e também baixar a bola.  Elogio e bronca, crítica sutil ou aguda. Da forma como eu preciso quase sempre… Quem entende que função de amigo não é só babar ovo, bajular ou massagear o ego, consegue compreender verdadeiramente para que servem estas pessoas que entram e se instalam em nossas vidas. E são capazes também de perdoar possíveis deslizes, comidas de bola ou excessos.

Amizades estão aí para somar, para ajudar a construir fortalezas, a conquistar novos reinos. É uma aliança vitoriosa a ser celebrada todos os dias! Servem para abrir vias e reparar estragos. São elas que nos ajudam a entender o que temos de pior, as fraquezas, o que precisa ser melhorado, superado, mudado. Tudo com o respaldo de quem nos conhece a ponto de respeitar as decisões erradas que venhamos a tomar…  Não sem antes falar o que pensa, comprar a briga, e esgotar as chances de tirá-lo da rota de colisão. Amigos só ficam porque querem e gostam tanto quanto a gente do que existe entre nós. São duas pessoas muitas vezes completamente diferentes, juntas por uma afinidade inexplicável que faz com que se tornem três, quatro, dez, quantos formos capazes de administrar e zelar.

Amigos erram também e muitas vezes escolhem caminhos diferentes. Ouvi certa vez que a dinâmica da vida passa por conhecer novas pessoas (muitas delas!) aos vinte, ser mais seletivo com aquelas que compartilham de sua intimidade na casa dos trinta anos, se afastar de muitos destes por volta dos quarenta e viver sozinho (ou em função da família construída) a partir dos cinquenta. Só que não existem regras capazes de limitar a relação sincera de pessoas que entendem o que é amadurecer, que sabem que tudo na vida precisa de adaptação e doses altas de boa vontade e respeito. Perder-se no caminho é fácil, mas amigos verdadeiros voltam, estendem as mãos e seguram forte. E não soltam! São capazes de seguir juntos, mesmo que em ritmos diferentes… ainda que distantes. Estarão para sempre unidos nas lembranças como donos exclusivos de um passado que é só deles.

Mas é preciso que não confundamos as coisas: é tanto “amigo”, “querido” e “te amo” entre conhecidos nas redes sociais, que a gente perde o peso e referência dessas palavras. Poder dizer que alguém é seu amigo, que é uma pessoa querida e por quem você realmente nutre um sentimento que chegue perto de esbarrar no tal “amor” não é qualquer coisa. Banalizar isso é desrespeitoso demais com aqueles que tanto fazem por nós e um sintoma do quanto estamos sozinhos neste mundo.

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