Lhamas

Jogadores de futebol correm em campo e, viris, cospem enquanto aproveitam para também coçar seus respectivos sacos. Corredores, exauridos, cospem antes de amassar copos de água em seus rostos trazendo um pouco de refresco à maratona.

Jean Wyllys vai lá e dá uma bela de uma cuspida no Jair Bolsonaro após ouvir uma série de despautérios, um fato menor que será para sempre lembrado quando tratarmos da votação na Câmara pelo prosseguimento do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Não para por aí: o revide, nada original, vem também em esguicho de saliva pelo filho do deputado, o igualmente asqueroso congressista Eduardo Bolsonaro.

E dá-lhe mais cuspe quando o ator José de Abreu é hostilizado por um ‘casal coxinha’  em um famoso restaurante de São Paulo, cidade que sedia, um dia depois (sábado, 23), a primeira cusparada coletiva realizada por artistas em pleno vão do MASP. A natureza mostra as suas caras e revelamos que não somos seres tão evoluídos ou criativos assim: lhamas, quando acuadas, não pensam duas vezes e também cospem em quem as ameaçam.

Sim, parece que veio para ficar: o cuspe como ‘moda’ comunicativa é o símbolo que faltava na difícil fase que atravessamos. Cuspir em alguém, de forma consciente ou mesmo totalmente fora de si, é de uma extrema falta de educação, de respeito (essa via de mão dupla), de colocar-se no lugar do outro. Por mais odioso que esse outro seja, diga-se de passagem.

Jean, Eduardo, Zé e a galera do MASP não são do tipo que cospem para cima esperando ver o que acontece… Talvez por estarem acuados frente a pensamentos tão estúpidos, eles recorram ao último artifício que lhes caiba para tentar sair por cima… E acabam, veja só, tentando humilhar o outro lado. É emblemático, mostra desespero e a mais pura fragilidade. No instante em que são vencidos por uma emoção enraivecida, cruzam a linha e perdem totalmente a razão.

O natural é esperar que as lhamas, irracionais como são, recorram ao cuspe. A não ser é claro que, conscientes, estejamos caminhando rumo à irracionalidade, cada vez mais bichos, cada vez menos humanos. Será um triste fim.

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