Em Cima do Muro

Tem dias que as notícias ajudam. Outros em que próprio comportamento de alguns amigos já são um prato cheio para ficar matutando certas coisas. A nossa própria angústia também é combustível para dar partida ao motor do questionamento. Tem ainda o ambiente, o lado de fora, as muitas coisas que nos tiram do sério ou que nos extasiam. O clima, o trânsito, a política, a economia, o preço das coisas, um vídeo engraçado, um texto interessante, uma música legal. Quantas coisas!

Tem aquele dia em que tudo parece estar em sublimação, meio que flutuando ao nosso redor, mas impossível de agarrar. Passamos ilesos, mas não sem sentir falta “de algo”, sabe?! Não, não sabemos explicar, “mas tem alguma coisa errada comigo, com ele, com ela, com isso ou com aquilo, com o mundo, com a vida, mas não sei o que é”. Para quem corre tanto, trabalha tanto, produz tanto, posta tanto, lê tanto, conversa tanto, e um monte de coisa tanto, é angustiante se ver dentro do vazio. O tudo e o nada em oferta descarada ao alcance da vontade. Ter que ter vontade, mesmo que nenhuma.

Pode ser uma reflexão, uma explanação, uma teoria, um desabafo. Uma crítica, uma auto-crítica, uma análise, um pedido de desculpas.  A caixa de diálogo continua ali, branca, pronta para ser preenchida. “O que está fazendo agora?”, “No que você está pensando?”, “O que está acontecendo?”, “E aí, quais são as novidades?”; todos, até os robôs que existem por trás das redes que tanto amamos, esperam por nós, que falemos, gritemos, revelemos algo ao nosso respeito. A letargia mata o Facebook… O “nada” naufraga o Instagram… O silêncio cala o Twitter!

Tem dias que vem tudo, e a gente parece não aguentar. Tem dias que não vem nada, e quem disse que a gente aguenta também? Reclamamos do TUDO, não nos contentamos com o NADA. Parecemos conscientes de que entre o oito e o oitenta, acabaremos felizes em ser a geração 44: com um pouco de tudo e muito do nada.

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