1 segundo para o fim do mundo

“Hoje o dia voou”

“Parece que o Natal foi ontem”

“Este ano está voando…”

“Nem vi o dia passar!”

“Nossa, já estamos em abril?”

 

A sensação não é só sua, a pressa não é só minha. Você pressiona os dedos médio e polegar com força deslizando-os no sentido contrário até que eles estalem sem ter a ideia de que nesse segundo que passou, um mundo de informação foi produzida, compartilhada e, claro, esquecida.  Um estudo feito em 2013 sobre a produção online de conteúdo dá um pouco da dimensão do quão frenéticos estamos.

É o que nos faz ter a noção exata da relevância dos nossos comentários, dos  nossos posicionamentos e discursos, nada perto do que já foi e está por vir. Com tantas coisas para ver, ler, saber, conhecer, aprender, entender, tudo se torna importante, urgente demais para no clique seguinte tornar-se irrelevante e desinteressante.

Corremos como loucos em busca do factual, consumimos com sagacidade as hard news, brincamos com as palavras em tiradas engraçadas, oportunas, e descartamos tudo sem pensar duas vezes para criar e s p a ç o,  ignorando a relação que ele, o espaço, tem com o tempo (o mesmo que está escasso, rápido, perdido). Não absorvemos, amadurecemos ou estressamos os assuntos para a formação de uma opinião, mas regurgitamos tudo – porque o importante mesmo é falar, postar e comentar o quanto antes, como se ao colocar para fora a nossa posição, estivéssemos livres para seguir em frente, sem qualquer obrigação ou cobrança pelo que passou por nossas mãos.

Com tantos detalhes sendo ignorados nas entrelinhas, com tamanha falta de contexto e noção exata dos fatos, precisamos superar a raiva ou o ressentimento por algo que lemos, ouvimos e que somos contra. Tudo passará! Quem sabe se falando, postando e comentando sobre menos coisas, o tempo volte a nos provar que continua a ser o mais sábio dos conselheiros.

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