Pensar no Outro

Comunicação, do trivial ‘eu falo, você escuta’ (e vice-versa) a pensar no outro, colocando-se sempre no lugar de quem está recebendo a mensagem.

É chover no molhado falar que o mundo está imediatista, com uma urgência desvairada, correndo e se atropelando para chegar… a lugar nenhum. Também não deve ser novidade para ninguém que o volume de informação acessadas por minuto é de longe o maior da história da humanidade, o que faz com que tenhamos uma tendência (colocada em prática ou não) de ficarmos à margem, superficiais, lendo apenas os títulos ou primeiras linhas de um texto ou ainda deslizando a tela em solavancos como se nossos olhos fossem treinados para a mais dinâmica das leituras.

De um mundo moderno, esquizofrênico ou não, somos a geração eleita para viver e aprender com tudo isso e, claro, ditar como será o futuro da humanidade e que vem sendo desenhado dia a dia de forma inédita em nossas linhas do tempo.

A oportunidade de ouro  ainda desperdiçada (talvez postergada por tantas outras ocupações e pressa) é a de cuidarmos melhor da forma como empregamos a linguagem: precisamos estar atentos ao que postamos e muito claros e transparentes com as nossas ideias, independente delas serem expressas em imagens, gifs, frases curtas ou textos longos.

É fundamental que nos esforcemos com o máximo de clareza para que ruídos não destruam a força do que vem sendo construído a duras penas. Quantas discussões, processos, campanhas, memes, atentados, bullying, mortes desnecessárias! É emergente zelar, principalmente, de quem está do outro lado e que provavelmente não terá  o contexto ou capacidade de adivinhar o que está na nossa cabeça fora a interpretação do que foi escrito, dito. Quem comunica torna-se eternamente responsável pelo que diz, escreve, desenha, publica… E também pelo decorrer da narrativa, os impactos sociais que provocará ao atingir sua audiência.

Longe das pecuinhas e discussões egocêntricas, quando nos comunicamos de forma clara e transparente, geramos em quem nos escuta um sentimento de respeito. É por isso que é preciso ser verdadeiro, sem medo de assumir erros, expor as fraquezas ou falta de conhecimento. A partir daí nos tornamos maiores, a relação se expande e ganha contornos maduros.  Ao se sentir respeitado, aquela mesma pessoa que parou um tempo para nos dar atenção, passa a se colocar em nosso lugar despertando uma vontade de cooperação (e não competição).

Eu e você cooperamos expondo nossos pontos de vista, trocamos ideias e ajudamos quando necessário… Juntos saímos ganhando. É um exercício complicadíssimo, mas para o qual todos estão capacitados, desde que se predisponham, é claro.

Comunicação verdadeira, respeito e cooperação andam juntos, atrelados. Negligenciar algum eixo dessa tríade nos faz fracassar na construção de um mundo mais compreensível. Quando a comunicação não é verdadeira ou é mal colocada, gera desconfiança… A cobrança aumenta e nos sentimos enganados, desrespeitados. Entramos na paranoia, na loucura, na correria e voltamos a estaca zero: chovendo no molhado ao falar que o mundo está imediatista, com uma urgência doida, correndo e se atropelando para chegar a lugar nenhum. Deixamos de cooperar para um mundo que traz a “colaboração”  enraizada no DNA. Quem não se comunica, se trumbica.

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